domingo, outubro 31

The land of confusion - parte II

Com o estreitar dos dias que nos separam das eleições nos Estados Unidos o panorama da noite de terça feira vai ficando mais "claro", especialmente depois da cassete Bin Laden.

Com a recuperação de Kerry nas sondagens nacionais nas últimas duas semanas a confusão instalou-se. Kerry aparece hoje literalmente empatado nas sondagens da Reuters/Zogby e do Washigton Post a 48-48, com os indecisos a representarem apenas 2%, Nader com 1% e outros candidatos igualmente com 1%.

Estas duas sondagens, além da credibilidade demonstrada no passado, têm a virtude de serem recolhidas diariamente com a agregação dos últimos três dias, ou seja, com o incluir das recolhas de hoje retiram-se as de há três dias.

Kerry recupera no WP com os últimos dias a apresentarem 49-48(K-B), 48-49, 47-50, 48-49 e 48-48.
Bush recupera na R/Z com 47-48(K-B), 46-48, 47-47, 47-46 e 48-48.

No entanto o que importa é o colégio eleitoral em que, salvo excepções de Maine, Nebraska e Colorado, o vencedor recebe todos os votos atríbuidos ao estado (the winner takes it all). Naqueles três são atribuidos ao vencedor em distritos internos e ao vencedor do estado. O factor colégio eleitoral leva a que o que se passou em 2000 se possa repetir, ou seja, o vencedor nacional não ser o presidente, pois vencer por pouca margem em estados importantes pode ser suficiente para compensar grandes perdas de votos noutros de igual importância.

A votação que no colégio eleitoral tem pendido para Bush poderá sofrer um revés com as sondagens dos últimos 2/3 dias e especialmente da evolução das sondagens quase diárias que algumas empresas têm feito localmente.

Kerry parece aguentar em vários estados conquistados por Gore, tais como Iowa(7), Minnesota(10), Wisconsin(10), Michigan(17), Pennsylvania(21), New Mexico(5) e New Jersey(15).

Bush parece aguentar mais facilmente Colorado(9), West Virginia(5), Virginia(13), Ohio(20) e poder aguentar New Hampshire(4) e Nevada(5) com maior dificuldade.

Parece que voltamos ao que se passava há 2 semanas com a possibilidade de se repetir os 271-267 para Bush de 2000 e exactamente nos mesmos estados. A única excepção poderá ser o Hawai(4) que penderá para Bush.

Se mantivesse o Hawai, a Kerry bastaria conquistar os 4 votos de New Hampshire, onde tem levado vantagem, sem necessitar do Ohio e da Florida(27), e invertia os 271-267 agora a favor dos Democratas.

Na Florida as últimas sondagens pendem para Kerry mas os factos de mais de um milhão de pessoas já terem votado e o factor BB (Bush Brother) poderão inverter a situação.

A realidade é no entanto mais profunda e temos que ter em conta:

- as sondagens ainda apresentam indecisos na ordem dos 2% a 5%, suficiente para virar resultados nalguns estados
- em vários estados a diferença entre candidatos nas sondagens é inferior à margem de erro das mesmas o que poderá significar alterações no vencedor
- o factor Nader, considerado "responsável" por roubar a vitória a Gore em 2000, já está esbatido (1-2%) em relação aos 2.7% de 2000 devido à campanha contra que os democratas lhe têm feito e ao facto de que não aparecerá no boletim de voto de alguns estados
- em vários estados têm sido efectuadas poucas sondagens e poderão existir alguns em que realidades de há um mês sejam agora bem diferentes (ex: na última semana o Hawai) baralhando completamente o resultado final no colégio eleitoral
- continua a existir a possibilidade de empate no colégio eleitoral o que em último caso levaria a eleição para o Congresso (Senado+Câmara dos Representantes) controlado pelos Republicanos
- ninguém afirma perentoriamente qual o efeito da cassete Bin Laden que pode favorecer Bush, considerado por sondagens melhor no factor Terrorismo, como prejudicá-lo, relembrando que ainda não cumpriu a "promessa" de o capturar tendo desviado atenções para o Iraque

Continuam as perspectivas de que será uma noite bem longa ...

sábado, outubro 30

Le Roi est Mort…

Em artigo do Público intitulado «Esquerda Desiste de Recorrer ao Presidente da República», assinado por João Pedro Henriques, é sublinhada a constatação de nenhum partido de esquerda ter pedido a intervenção de Jorge Sampaio no chamado «Caso Marcelo».

«Confirmou-se assim o que já se vislumbrava: depois do 9 de Julho – dia em que Jorge Sampaio anunciou que nomearia Santana Lopes para suceder a Durão Barroso, recusando antecipar as eleições – a oposição parlamentar passou a fazer de conta, polidamente, que Jorge Sampaio não existe. No PS e no Bloco isso é assumido com toda a clareza; no PCP nem tanto, mas está sugerido

Le Roi est Mort…

The land of confusion

As eleições do próximo dia 2 Nov estão ao rubro. O que se está a passar desde há dois meses mais não é que a prova de que as sondagens e/ou respectivos comentários têm que ser lidos com o maior cuidado.

Até há uma mês atrás os battleground states eram considerados 9/10 e para muitos a corrida resumia-se a 3 (Florida, Ohio e Pennsylvania) que pela sua dimensão representariam a vitória, afirmando a generalidade de comentadores de que quem fosse vencedor em dois destes teria os almejados 270 votos no colégio eleitoral. Como seria natural os candidatos e suas entourages foram de tal forma influenciados que concentraram as suas atenções em cada vez menos estados.

Nesta última semana as previsões, baseadas nas eleições anteriores e sondagens desde o ínicio do ano, começaram a sair furadas. Os estados que podem fazer pender a balança começam, com base em sondagens cada vez mais frequentes, a passar para 16 e para alguns analistas para 18. A corrida está ao rubro e a convicção de que são das mais, se não as mais, disputadas eleições de sempre é agora uma realidade.

De salientar da parte de Bush o bom trabalho nos estados ganhos por Gore de Novo México, Iowa, e Hawai, bem como a ameaça de Minnesota e Wisconsin.

Por parte de Kerry a possível conquista de New Hampshire e a ameaça de Colorado e West Virginia.

No que respeita aos estados com maior número de votos temos:

- Florida - a verdadeira confusão - as sondagens são demasiado dispares para serem levadas a sério, mesmo nas mesmas empresas, podendo a vitória cair para ambos
- Ohio - uma pequeníssima vantagem de Kerry nos últimos dias poderá prever que caia para os democratas
- Pennsylvania - apesar de no último mês Bush ter tido possibilidade de ganhar o estado Kerry assumiu ligeira vantagem
- Michigan - ganho por Gore por uma margem de 5 pontos está agora a dar uma ligeira vantagem a Bush o que poderá demonstrar um apontar de baterias para outro lado por parte de Kerry
- New Jersey - a grande aposta de Bush com grande enfase no tema do terrorismo está a dar frutos num estado ganho por Gore por 16 pontos e é dado por alguns como empatado depois de ter sido dado como garantido por Kerry

As oscilações das últimas semanas e dias demonstram não só que existem muitos factores que podem fazer mudar a opinião dos votantes à ultima hora como também que os media têm cada vez maior peso na decisão política o que pode levar os estrategas das campanhas a cometer alguns erros de casting.

De salientar ainda que o forcing final de mobilização feito em 2000 pelos sindicatos e pela comunidade negra que levou Gore a recuperar a desvantagem que trazia nas últimas semanas de campanha levou a que os republicanos tivessem a lição estudada para este ano e farão com certeza idêntico esforço no seu eleitorado, visto que o preparam desde as últimas eleições. De salientar que a Zogby considerada bastante fiável vem dando um crescimento de Kerry e mesmo a vitória na sondagem publicada hoje 47-46 e 3% indecisos (atenção claro à margem de erro 2.9%).

Por tudo isto e já que não podemos votar, apesar de muitos o quererem, resta esperarmos pelo resultado que se fôr como se prevê poderá demorar largos meses em batalhas jurídicas com advogados a serem preparados desde há muito não para reeditar o pós voto de 2000 mas para o ampliar ainda mais.

Será uma noite bem longa ...

sexta-feira, outubro 29

Parabéns !!!!!!

Parabéns aos novos papás !

Esperamos todos que o novo rebento tenha muita Beleza.

domingo, outubro 24

«O Dia Maldito»



A propósito do último jantar e das referências à influência norte-americana na América Latina, cito um excerto do chileno Luís Sepúlveda de «O Dia Maldito», no seu novo livro «Uma História Suja»:

«Há trinta anos que carrego com esta data maldita como uma lápide que um país, os Estados Unidos, colocou sobre a minha juventude e sobre milhares que eram como eu. Porque o golpe militar fascista que acabou com a democracia no Chile não foi ideia de Pinochet nem dos outros traidores a um juramento, nem sequer foi apenas responsabilidade de Kissinger, o próximo que deverá sentar-se diante do Tribunal Penal Internacional, nem apenas de Nixon, o grande farsante dos anos setenta. Os que decidiram esmagar a democracia chilena são os mesmos que agora arruinaram a Argentina, o Uruguai, a Argentina, talvez o Brasil, porque sabiam que o jogo limpo da democracia nunca lhes teriam permitido implantar modelos económicos baseados na negação de todos os valores da civilização ocidental, à qual nós, os cidadãos do terceiro mundo, também temos direito. A grande tragédia do fim do século XX e do século XXI começou no Chile, porque o meu país foi o campo de experiência, o precedente que mais tarde fez com que Margaret Thatcher e Ronald Reagan considerassem possível o império do mercado acima da ética, do darwinismo económico acima da legítima ideia de igualdade de possibilidades.

No Chile começou a experiência global que desnaturalizou a política, que corrompeu «a arte do possível» e impôs a força como único argumento do poder. É essa a grande derrota da minha geração, é essa a minha derrota de cidadão do mundo, e pesa como uma lápide que renova a sua carga em cada 11 de Setembro.


Há um ano, a essa data maldita juntou-se a tragédia previsível de Nova Iorque, porque não era necessário ser um grande estudioso dos problemas do Médio Oriente para saber que os Estados Unidos tinham desencadeado uma força de ódio incontrolável, educando terroristas no Afeganistão, apoiando os sátrapas da Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes, lugares no planeta onde não é respeitado nem um único dos Direitos Humanos, e avalizando a política racista da direita de Israel. A política internacional dos Estados Unidos sempre foi a política de uma nação sem história, de clãs ligados ao poder económico, ou de lobbies que ditam as decisões do governo. O unilateralismo de George Bush não é novo, obedece a uma forma tradicional do ser norte-americano, egocêntrico e ignorante, a uma convicção de que a lógica não é um exercício da razão mas, sim, um cálculo de lucros para o clã que ocupa o poder.
»



Ainda a Propósito do Caso Marcelo...

Esta semana, Manuel Monteiro aproveitou a boleia do 'caso Marcelo Rebelo de Sousa' para lembrar que havia sido afastado dos principais debates dos candidatos às últimas Eleições Europeias por pressão da coligação PSD-PP.

Percebe-se o interesse de Paulo Portas em que o seu ex-líder não disputasse o espaço anti-europeu da direita, podendo capitalizar a sua mudança táctica de opinião face ao Projecto Europeu.

Mas o mais curioso foi a explicação oficiosa que as televisões deram na altura para a não cobertura sistemática das acções de campanha eleitoral do partido de Manuel Monteiro:
Havendo a necessidade de acompanhar permanentemente as 16 selecções do Euro2004, a cobertura da campanha eleitoral para as Europeias seria limitada aos partidos com assento parlamentar.

Um excelente critério que permitia nos extremos, simultaneamente, incluir o Bloco de Esquerda e excluir a Nova Democracia.

Foi você que pediu um Santana Lopes?

terça-feira, outubro 19

Surreal - devia estar a sonhar ...

Em notícia passada ontem na televisão presenciei o Ministro das Finanças a dizer que iria fazer uma lei para obrigar as PME's a terem apenas uma conta bancária. Ao que consta já o teria dito no programa "Diga lá excelência".

Sempre fui a favor de uma profunda abertura do sigilo bancário para apurar de crimes fiscais agora esta é no mínimo surreal.

Se o aparelho fiscal (não gosto de usar máquina!) não consegue comportar uma fiscalização decente aos movimentos bancários não é restringindo as liberdades mais básicas, como poder ter 1, 2 ou 1000 contas bancárias que se resolverá o problema. Altere-se o aparelho.

Chegaremos ao cúmulo de todos apenas podermos ter uma conta bancária sejamos indivíduos, profissionais liberais ou empresas ???

Chegaremos ao cúmulo de ter que apresentar o extrato bancário no notário para podermos comprar uma casa ??? Pelos vistos não estamos longe ...

É minha convicção, apesar de não ser jurista, de que haverá na constituição alguma norma que impedirá esta aberração de ideia, mas ...

Pesquisei várias edições online de jornais e tv's e não encontrei referência nenhuma à notícia.

Andarei eu a sonhar ou os jornalistas a dormir ??????

segunda-feira, outubro 11

Nero Rebelo de Sousa

Agora que a poeira começou a assentar no "caso Marcelo" venho apenas repetir o que todos já disseram:

- Recolha de informações nas embaixadas sobre situações semelhantes - não desmentido
- Pedido às distritais do PSD para atacarem os comentários - não desmentido
- Critica da distrital do Porto aos comentários - facto
- Critica do MINISTRO Gomes da Silva, já em si forma de pressão - facto
- Negócios pendentes de aprovação governamental em que a Media Capital está interessada - facto
- Conversa entre MRS e o presidente da Media Capital - facto
- Abandono de MRS dos comentários "dominicais" - facto

Dizer mais para quê ?

Apenas o que a "vítima" ganhará com tudo isto, qual imperador a contemplar o incêndio por si criado ...

sexta-feira, outubro 8

O dedo na ferida !

Se por vezes existe alguma "acidez" de pensamento naquilo que escreve a pena de alguns comentadores outras há em que a tinta escorre do próprio coração.

Não deverá assim ser atacado este Preço da Liberdade do Miguel Sousa Tavares apesar da sua "acidez" de coração.

Se alguém se sentir incomodado existe neste blog um endereço de email que poderá ser utilizado que certamente publicitarei o contraditório.

Viva a Liberdade, com ou sem contraditório "obrigatório"!